sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Muitas tragédias em uma

Pode parecer estranho voltamos a falar de um fato que ocorreu no ano 2000, no entanto, lá se vão sete anos e o sequestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro, continua tendo muito a comunicar, exemplificar e comover.

Na quinta-feria, dia 9, assistimos ao documentário sobre o acontecimento, que procura abordar a um só tempo e uma só película, as múltiplas tragéidas que compuseram a tragédia-título, que culminou na morte do sequestrador e de uma de suas reféns. Entram aqui a tragédia da miséria, a tragédia da polícia (por dois âmbitos: crueldade/abuso de autoriade e despreparo), a tragédia na vida das vítimas e, sobretudo, a tragéida social, que leva a sociedade a aceitar e clamar por uma justiça baseada na violência (no caso, a morte mal contada do seqetrador por sufocamento). Então, se na nossa sociedade a justiça é a violência, o que podemos esperar das gerações que crescem convivendo com essa teoria?

A exibição do documentário servirá como base de discussão para as matérias: Novas Tecnologias, Administração de Produtos Editoriais e Telejornalismo. Tudo isso pra discutir o formato documentário em suas diversas possibilidades (produto audiovisual, produto editorial, webdocumentário, etc). Relevante, mas o que de fato sai da sala de aula nas cabeças e nas costas (como um peso mesmo) de todos é uma lição que está menos relacionada a técnicas de filmagem e mais relacionada à violência e ao seu caráter cíclico.

Levando em conta este viés, cabe lembrar que é parte da conclusão do filme a idéia de que a polícia terminou, nesta ocasião, o que havia começado na chacina da Candelária (já que Sandro foi um dos garotos agredidos por policiais na ocasião) Neste caso, estaria fechado este ciclo de violência? Penso que não. Penso que o cíclo continuará aberto por muito tempo, enquanto não pararmos de construir Sandros cotidianamente.

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